Junor Ribeiro
Um país essencialmente futebolístico
oferece àqueles que vivem no mundo da bola estórias sobre figuras folclóricas
que alegram as páginas da mídia e as rodinhas de resenhas de torcedores.
Um dos maiores, senão o maior, foi, sem
dúvida, Antonio Franco de Oliveira, mais conhecido como Neném Prancha
(1906-1976). Natural de Resende-RJ, ainda criança foi morar no Rio de Janeiro.
O apelido lhe foi atribuído devido ao tamanho 44 dos seus pés, sempre calçados
com chinelos. Suas mãos, também grandes, mediam 23cm.
Jogador de futebol de areia, no famoso
Posto 4 da Praia de Copacabana, nunca se destacou como atleta e sim pela
simpatia e pelo olho clínico para
descobrir talentos, como Heleno de Freitas, um dos maiores ídolos dos
botafoguenses. Não vi o filme sobre a vida de Heleno de Freitas, no qual Neném
Prancha teria menção obrigatória.
Outro famoso que Prancha descobriu foi
Júnior, hoje comentarista, um dos maiores ídolos dos flamenguistas. Júnior foi
revelado como destaque do Juventus, time de futebol de areia, pelo qual é
apaixonado até hoje. Afinal, foi ali que as portas para o estrelato se lhe abriram,
na década de 70.
Particularmente, me lembro das memoráveis
partidas que eu sempre via em Copacabana, desde quando aportei no Rio, em 1969.
Multidões acotovelavam-se ao redor do campo de areia para ver Júnior e outras
estrelas praianas mostrar suas performances, principalmente nas finais de
campeonato de areia.
Não obtendo sucesso como jogador, Neném abriu uma escolinha de
futebol para crianças nas areias de Copacabana. Ao mesmo tempo, trabalhava como roupeiro, massagista e olheiro do time do coração, o Botafogo, do qual foi técnico das divisões de base. Sua vida resumia-se
no Botafogo e no futebol de praia.
A Neném Prancha foram atribuídas diversas e famosas frases de
efeito. Sobre a famosa frase "Pênalte
é tão importante, que quem deveria bater seria o presidente do clube",
Neném explicou: "O que eu falei é
que cobrança de pênalte é tão fácil que até o presidente pode bater".
Há quem afirme que Neném Prancha não teria sido o autor de
muitas frases a ele atribuídas. Os verdadeiros autores o fizeram meramente para
que a frase ganhasse notoriedade. Outros o fizeram para colocá-lo na mídia, por
ter sido muito querido no meio futebolístico. João Saldanha foi autor de muitas
frases e as divulgou atribuindo autoria a Neném Prancha. Vejam algumas pérolas
atribuídas a Neném Prancha:
"Futebol
é muito simples: quem tem a bola ataca; quem não tem defende."
"Bola
tem que ser rasteira, porque o couro vem da vaca e a vaca gosta de grama."
(Naquela época, as bolas G-18 eram de couro de boi ou de vaca e aterrorizavam
os goleiros, principalmente se molhadas).
“Jogador brasileiro não vai ter problema no
México, não. Tudo já morou em favela e não pode se queixar de altitude.”
“O goleiro deve andar
sempre com a bola, mesmo quando vai dormir. Se tiver mulher, dorme abraçado com
as duas.”
“Se concentração ganhasse jogo, o time do presídio não perdia
uma partida.”
"O importante é o principal, o
resto é secundário."
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