Carlos Augusto
Há quatro anos, em Bells Beach, na Austrália, Gabriel Medina estreava como o mais jovem surfista na elite, aos 17. Hoje, aos 21, o primeiro e único brasileiro campeão mundial voltou ao lugar onde tudo começou para dar um importante passo na corrida pelo bicampeonato. Eliminado na terceira fase em Gold Coast por interferência, o brasileiro teve um desempenho impecável diante de dois surfistas locais, nesta terça-feira, e passou com tranquilidade para a terceira fase da segunda etapa do Circuito Mundial de 2015. As condições do mar, que estava pequeno para os padrões australianos, foram um obstáculo para os surfistas no primeiro dia de disputas. A janela do campeonato fica aberta até o dia 12 de abril.
Os brasileiros Adriano de Souza, o Mineirinho, Ítalo Ferreira e Wiggolly Dantas perderam na estreia e irão disputar a repescagem (segunda fase). Campeão na Gold Coast australiana, Filipe Toledo irá estrear na 11ª bateria da primeira fase, ao lado do compatriota Jadson André e do australiano Owen Wright. Miguel Pupo, por sua vez, entra em ação na nona bateria diante do "aussie" Joel Parkinson e do irlandês Glenn Hall.
Com a maré cheia e as condições ruins, a organização da Liga Mundial de Surfe (WSL) optou por paralisar as baterias após a sétima bateria da primeira fase. Uma nova chamada será feita nesta quarta-feira, às 18h (horário de Brasília).
Medina foi o primeiro brasileiro a vencer na segunda etapa do Circuito Mundial de 2015 (Foto: Divulgação/WSL) |
Medina domina rivais
O fenômeno de Maresias provou por que está no topo do mundo do surfe. Mesmo com condições ruins do mar, ele mostrou um leque de manobras, se impondo sobre os adversários do início ao fim. Depois de assumir a liderança no início com uma boa onda (6.33), Medina sofreu uma virada de Joe Van Dijk, que garantiu a vaga na disputa pelos trials, na noite da última segunda-feira. O australiano irmão de Nikki Van Dijk, que faz parte da elite feminina, foi consistente e assumiu a frente do placar, com 10.80 (5.60 + 5.20). Mas não por muito tempo. Logo em seguida, com um surfe radical e ousado, mesmo com as condições desfavoráveis do mar, o brasileiro levou um 6.43 e recuperou a dianteira, com 12.76.
Matt Banting, um talentoso jovem de 20 anos, se recuperou e ficou na cola do brasileiro, com 11.83, mas ainda precisava de 6.53 para virar. No entanto, o "aussie" não teve tempo suficiente para melhorar a pontuação e amargou a segunda colocação. Enquanto isso, o atual campeão mundial se mantinha ocupado, tentando aumentar a vantagem, pegando onda atrás de onda. Sem se deixar abalar pela pressão, Medina (12.76) não deu chances aos rivais e avançou direto à terceira fase. Banting (11.83) e Joe Van Dijk (8.23) caíram para repescagem.
Tricampeão mundial e defensor do título em Bells Beach, o australiano Mick Fanning (13.10) foi derrotado por Mason Ho (13.13), convidado em Bells Beach, em uma das baterias mais equilibradas do primeiro dia de disputas. O sobrinho do campeão mundial e mito havaiano Derek Ho acertou um belo aéreo e não teve dificuldades para se classificar. Além de Mick, Freddy Patacchia (13.00) também caiu para a repescagem.
Medina é cercado ao chegar à zona mista em Bells Beach (Foto: Breno Dines) |
Mineirinho sofre virada no fim
Campeão em Bells Beach, em 2013, Mineirinho começou pressionando o americano Brett Simpson e o australiano Kai Otton, mas não contava em levar uma virada amarga no fim. O paulista do Guarujá liderou boa parte da bateria e soube usar bem a regra da prioridade, sendo seletivo em suas ondas. Com força e velocidade, ele impressionou os juízes com uma boa variação de manobras e somou 14.33 (6,50 + 7,83) .
Brett foi paciente e esperou até o fim para pegar as duas ondas salvadoras. Nos últimos segundos, o americano aplicou um leque de manobras, ganhou 7,83 e assumiu a liderança, com 15,00, ultrapassando Adriano. Kai Otton, por sua vez, não teve sorte com suas escolhas e cometeu algumas falhas nas manobras que o prejudicaram na disputa. O "aussie" somou 6,00 e ficou na lanterna. O surfista local e o brasileiro lutam pela sobrevivência na repescagem.
Confira as baterias em bells beach:
01: Taj Burrow (AUS) 10.63 x 11.73 Wiggolly Dantas (BRA) 11.73 x Jeremy Flores (FRA) 15.33
02: Adriano de Souza (BRA) 14.33 x Kai Otton (AUS) 6.00 x Brett Simpson (EUA) 15.00
03: Kelly Slater (EUA) 16.67 x Sebastian Zietz (HAV) 9.06 x Ricardo Christie (NZL) 7.73
04: John John Florence (HAV) 15.33 x Ítalo ferreira (BRA) 11.47 x C. J. Hobgood (EUA) 10.17
05: Mick Fanning (AUS) 13.10 x Freddy Patacchia Jr. (HAV) 13.00 x Mason Ho (HAV) 13.13
06: Gabriel Medina (BRA) 12.76 x Matt Banting (AUS) 11.83 x Joe Van Dijk (AUS) 8.23
07: Jordy Smith (AFR) 14.33 x Adrian Buchan (AUS) 12.20 x Keanu Asing (HAV) 13.44
08: Michel Bourez (PYF), Nat Young (EUA) e Dusty Payne (HAV)
09: Joel Parkinson (AUS), Miguel Pupo (BRA) e Glenn Hall (IRL)
10: Josh Kerr (AUS), Bede Durbidge (AUS) e Adam Melling (AUS)
11: Filipe Toledo (BRA), Owen Wright (AUS) e Jadson André (BRA)
12: Julian Wilson (AUS), Kolohe Andino (EUA) e Matt Wilkinson (AUS)
Fonte:Globo
Fotos:Divulgação/WSL e Breno Dines
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