Carlos Augusto
A imprensa brasileira tem muito o que falar, mas não acredito que isso acontecerá. Só para relembrar, a seleção brasileira eliminada no último mundial - me refiro ao Campeonato Mundial de Futebol, com Holanda e companhia - foi execrada pela mídia. Naquela ocasião, as manchetes diziam que os jogadores estavam desequilibrados, fruto, segundo a mesma imprensa, do despreparo do treinador. Este mesmo treinador, segundo a imprensa, deveria ter levado Ganso, Neymar e outros, pois estes teriam resolvido o problema e dado o título ao Brasil. Veja, estou falando de Mundial! A eliminação do Brasil trouxe de volta o propagado futebol “arte” e um treinador no jeitinho da imprensa, que reluta em criticá-lo. Este arrebanhou todos os “craques”, alguns fabricados, e uma filosofia de “jogar pra frente”, atendendo aos anseios da torcida e da imprensa.
Aí a coisa começa a ficar estranha. Treinador que quer atender a todos não combina com seleção. Lembrem mais recentemente, em 1994, que Parreira manteve até o final a “enceradeira” Zinho e seu esquema fechado, chegando ao título depois de 20 anos e de muito futebol “arte”. Da mesma forma, Felipão não levou Romário, apesar da pressão, e teve igual êxito. Na seleção existe muito pouco tempo para o planejamento e treinamento, e quem não tiver uma linha pré-determinada não chega a lugar nenhum. Mas, o que foi que aconteceu na Copa América da Argentina? Além dessa falácia do futebol “arte”, foram tantas coisas, que só enumerando:
1. Para começar, a tragédia era anunciada. A seleção do futebol “arte” nos levou do 1° ao 5° lugar do ranking mundial. A geração Dunga havia feito o caminho contrário;
2. Na Copa América os “pseudocraques”, ou, para não ser injusto com alguns poucos, craques em formação, não resolveram nada. Isso mesmo, aqueles que, segundo a imprensa e torcida, seriam imprescindíveis na Copa do Mundo de 2010 (repito, com Alemanha, Holanda etc), não resolveram nem os desafios domésticos, com Venezuela e companhia;
3. O Brasil fez jogos sofríveis e só deslanchou contra a seleção sub 22 do Equador. Isso mesmo, o Equador não levou a primeira equipe e nossos bajuladores aproveitaram para exaltar a atuação de alguns jogadores contra atletas jovens e inexperientes.
4. Contra um Paraguai desfigurado, sem Roque Santa Cruz ou o forte atacante Cabanas (tentando voltar ao futebol após levar um tiro), o Brasil foi, no mínimo, tímido. O time não tem cobrador de falta, atacante de referência ou meia que chame a responsabilidade. E nos pênaltis? A equipe que agora tinha um treinador equilibrado, educado, de boa relação com todos, teve o pior rendimento de uma seleção brasileira em todos os tempos. Que saudade daquela equipe de Parreira, que a imprensa teima em contestar!
Agora, alguns têm falado em repensar o futebol brasileiro. Repensar o quê? Vivemos de lampejos individuais. Em torneios mata-mata de nada adianta nada ter um bando de craques ou muitos atacantes. Caso contrário, a Argentina não estaria nesse jejum de títulos há tanto tempo! O que vale é trabalho sério e, por favor, sem essa de “futebol arte”. Esse, deixem para os argentinos!
Fonte:Alberto Barretto KruschewskyProfessor Ms. Educação Física
DCS/Universidade Estadual de Santa Cruz/Uesc
Atividade Física e Nutrição (CESUPI)
Superintendente de ESportes de Ilhéus-Ba
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