sexta-feira, 4 de junho de 2010

Orquestra dos pedais de ouro




Ernando
Nogueira Barros








A frustração de 2009 na copa Nordeste fez a equipe de ciclismo chegar em Natal-RN sedenta por um título. Os dias de competição são marcados ora sob vibrações de incentivo, ora sob os gritos bravos de repreensão quando alguma coisa saia dos eixos; algumas vezes dentro dos abraços da vitória, outras na superfície do afago da mão que consolava o cansaço, mas sempre pela confiança de que todo esforço, ainda que sem medalhas, não fora em vão.

Se fôssemos comparar a seleção baiana com uma orquestra, os atletas seriam os responsáveis pelo som harmonioso do sucesso e Orlando e Oscar Schmidt os maestros de um soneto irretocável. Os planos táticos tão bem arquitetados, tal qual partituras, de uma sinfonia de pedais que deixavam o público presente envolvido com tamanha sintonia.

Conquistar o título não foi fácil: 18h de viagem Salvador-Natal, alguns desconfortos sobre as poltronas na hora do sono, sem contar a ansiedade de chegar ao destino. Todavia, qualquer incômodo foi pouco diante do desejo latente de ser medalha de ouro. A viagem tranqüila serviu de palco para conversas táticas embaladas a vídeos de ciclismo que inspirava em cada um a vontade de vencer. Toda aquela facilidade em armar o esquema tático soou provável aos ouvidos atentos dos atletas presentes e conquistar a medalha, seja qual fosse a cor que lhe banhasse, pareceu possível diante de tanta confiança inspirada.

O som dos timbaus da orquestra dos pedais rufou às 14h, pontualmente, na primeira prova da competição: contrarrelógio 7km. Sob um sol potiguar escaldante, os ciclistas baianos começam o placar dos pontos atendendo a previsão do regente Oscar num festival de medalhas de ouro, prata e bronze que fez a nossa equipe fechar o dia com 24pontos, atrás apenas dos sergipanos, favoritos contrarrelogistas, que fechavam o dia em primeiro lugar no ranking.

Chegado o dia 15/05, sábado, às 8h da manhã, o sol nasce para nós mais claro e mais forte, dia de resistência debaixo de um calor descomunal. Já era hora dos sons de metal da nossa orquestra, e foi assim que os “circuiteiros”, como os baianos são conhecidos, tomaram a baqueta das mãos dos sergipanos e subiram ao topo do quadro de medalhas. Conseguimos medalhas do Veterano, Master C, Master B, Master A e Elite. O dia se encerra e com ele começa a se aproximar a realidade quase indiscutível de trazer o título para a terra da alegria- Bahia.

Último dia de copa, Domingo (16/05), prova de circuito. Alguns contratempos na organização do evento trazem, consecutivamente, redução nos tempos de prova de algumas categorias. Isto não impede que o som das cordas da nossa orquestra dos pedais, afinados no propósito de mantermos a liderança no campeonato caísse em desacerto. Mais uma vez, contamos com medalhas das categorias Máster A, B e C chegando ao fim de um Campeonato sinfônico com 74 pontos num total de 17medalhas entre ouros, pratas e bronzes.

Assim como uma orquestra, tivemos nossa linha de frente, representada pelos nossos atletas medalhistas, importantes e indispensáveis para que a vitória ecoasse em nossa sinfonia. Por isso, agradecimentos especiais a Massilon (1bronze), Ernando (1ouro e 1bronze), Valmiro (1ouro e 1bronze), Geraldo “Paraíba” (1bronze), Antônio César (3pratas), George (2ouros e 1prata), Jaime (2ouros e 1prata), Marcelo Lima (1bronze) e Anderson (1prata). Mas o que seria da nossa orquestra de pedais se fosse apenas esses os atletas responsáveis pelo som da vitória? No mínimo, incompleto... Por isso foi de fundamental importância os ciclistas que embora não trouxeram medalha, lançaram o sopro dos nossos trombones sobre os selins, dos acordes do som dos pedais da categoria juvenil, da afinação da categoria Júnior e do som do clarinete dos pedais femininos. E como se não bastasse tanta sinfonia nos acordes dos pedais, foi preciso ter força para agüentar o que parecia impossível suportar, foi indispensável um empurrão no pé do ouvido para sustentar mais uma pedalada, pessoas que estavam a disposição para acalentar quando o suor escorria diante do sufoco, por isso um MUITO OBRIGADO aos apoios (Emerson, Galego, Lucas, Rafael, Ricardo, Rabelo) que prontos com rodas reservas e abastecimento estavam sempre alertas para afinar nossos instrumentos (as bikes) quando mereciam cuidados. Mais um muito obrigado a Vanessa, por registrar tudo em suas lentes tornando inesquecível o título de Campeão da XXII Copa NE de Ciclismo. Por fim, os regentes, com sua função indispensável de conduzir a orquestra dos pedais, equilibrarem os naipes instrumentais das bicicletas e fazer observar as instruções básicas contidas na partitura das táticas ciclísticas, feitas pelos compositores da obra, Orlando e Oscar Schmidt.

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