terça-feira, 10 de março de 2009

Emerson Gomes, Fala sobre Triathlon





João Paulo Garcia - Triatleta





Impressões de uma prova longa

Hoje em dia, cresce cada vez mais o interesse do praticante de atividade física pelas provas de longa duração. Motivados pelo desafio pessoal de completar uma grande distância, finalizar uma prova longa envolve muito mais que músculos e força de vontade.

O segredo da performance em uma prova longa está em saber administrar o corpo por um longo período. Certamente que, sem o mínimo de treino, por mais que o atleta saiba administrar o próprio corpo, o desafio ficará bastante difícil de ser vencido.

Em todos os finais de provas, vemos aqueles casos em que atletas muito treinados não conseguiram alcançar o resultado esperado; outros não tão bem treinados conseguiram ter uma boa performance. Parte dessa conta está ligada ao poder que alguns atletas adquirem de saber administrar o ritmo de acordo com o que seu corpo traz de reposta frente ao esforço.


Quando falo em administrar o corpo, entendemos colocar um ritmo que permita equilibrar o que se gasta com o que é reposto com a hidratação e alimentação, bem como entender a resposta que sua musculatura dá frente ao esforço.

Muitas vezes temos provas em que o percurso é diferenciado, ora mais difícil, ora mais tranqüilo, provas em que a competitividade é muito grande e se faz necessária uma grande variação de ritmo para executar ultrapassagens ou segurar uma posição. Isso tudo tem um custo, e obter o planejamento estratégico para cada situação que possa aparecer é importante. Falo muito a frase para meus alunos: “Em uma prova longa, você vai do céu ao inferno várias vezes”. O bom desempenho depende de saber reverter as situações ruins, seja diminuindo o ritmo, seja modificando alguma estratégia de reposição, para então, sim, poder retomar para uma boa situação. O mais importante é ter paciência para saber que a prova termina só quando se cruza a linha de chegada. Você pode estar mal em um momento e bem no outro, não podendo deixar o psicológico influenciar negativamente por conta disso.




Tive o prazer de acompanhar de perto cerca de 30 alunos que competiram no Ironman 70.3 Brasil no último dia 14 de setembro. Nele pude observar muitas situações como descrevi acima, um percurso rápido para natação e plano no ciclismo e um pouco mais técnico para a corrida. O que tornou o ciclismo muito rápido e com algumas variações de ritmo, afinal, além de plano, o trajeto era feito em circuito, o que fez com que os atletas tivessem de lidar com muitas situações de ultrapassagens.


Para muitos, um percurso que inicialmente parecia fácil fez com que o ritmo de todos fosse mais forte que o planejado, tendo de ser adotada uma nova estratégia de ritmo para a corrida – que foi mais dura. Ou seja, muitos atletas que não souberam administrar uma nova situação, diferente da que tinham treinado ou planejado, pagaram por não saber administrar seu corpo mediante diferentes reações. Um ciclismo rápido sugere uma corrida mais lenta ou progressiva, saindo mais de vagar por causa da sobrecarga muscular. Assim também ocorre com o ciclismo: um pedal intenso significa um maior gasto energético e, por consequência, a obrigatoriedade de uma maior reposição alimentar.

Saber administrar seu corpo frente às situações que possam surgir e não necessariamente foram planejadas é essencial para um bom desempenho em uma prova longa.

Fotos: JP Garcia: Campeão Brasileiro 1999 categoria Júnior Elite

(Emerson Gomes - Técnico de Triathlon: Em entrevista ao Site: Prologo)


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