Carlos Augusto
- ORIGEM -
As pessoas de Ilhéus sempre gostaram de pescaria. Inicialmente, usava varas de pindaíba e linhas de tucum, haja vista que as linhas de nylon ainda não existiam . Mais tarde, já com o advento do nylon, com a chegada das carretilhas Penn, grupos animados de pescadores iam a Serra Grande, Olivença, Lençóis, etc., e nunca voltavam sem peixe. As pescarias, na maioria das vezes, eram fartas. As nossas praias ainda estavam livres da destruição causada pelos barcos camaroneiros e pelos arrastões que causam danos irreparáveis à lama próxima das praias, onde se desenvolvem os alevinos.
Dessa época podemos citar alguns dos mais famosos pescadores de fim de semana, entre eles, Guilherme Bastos, Herval Soledade (dizem que era o mais sortudo), Lino Cardoso, Nelson Costa, Augusto Oliveira, Vivaldo e Acidálio Mendonça, David Cárdia, este o introdutor dos famosos molinetes Sofi, de procedência portuguesa. Os molinetes foram popularizados na região em virtude de mais fácil manejo e não dar “cabeleiras”.
Nessa época, Antônio Olímpio era funcionário público no Rio de Janeiro. Ali começou a se entrosar com os pescadores locais, participando de gincanas e se inteirando sobre a pesca esportiva.
Vindo para Ilhéus, (A.O.) começou a influenciar os pescadores, mostrando novos métodos de arremesso, novos materiais, regulamentos da pesca esportiva, etc., enfim, trouxe as novidades da pesca para Ilhéus.
Já com um grupo bem maior e animado de pescadores, entre eles, Wilson Modesto, Hélio França, Milton Assis, Hércio Melo, Ricardo Barbosa, José Lucas, Edival Moura, Gildásio Almeida Santos, começaram a discutir a criação de um Clube de Pesca nos moldes dos existentes no Rio de Janeiro e Niterói.
Em 23 de maio de 1975 foi criado o Clube de Pesca de Ilhéus-Clupesil. O grupo começou a participar de gincanas fora de Ilhéus, como em Aracajú, Marica (RJ), Macaé, Niterói, etc. O primeiro Presidente do Clupesil foi José Lucas.
Por influência do seu amigo Cláudio, do Rio de Janeiro, baluarte da Gincana Fluminense de Pesca, AO e seus companheiros organizaram em Ilhéus a Primeira Gincana de Pesca da Gabriela.
Ilhéus recebeu um número tão grande de pescadores que os hotéis não tiveram condições de hospedar. A maioria ficou nas casas dos amigos pescadores.
Nos anos seguintes o Gabriela virou sucesso. Aqui chegavam ônibus de Aracajú, Penedo, Salvador, Vitória, Macaé, Niterói, etc. Podemos dizer que a Gincana de Pesca da Gabriela, hoje, Torneio de Pesca da Gabriela foi o embrião do movimento turístico de nossa cidade. Por tudo isso, o Clupesil recebeu da Câmara de Vereadores de Ilhéus, o título “De Utilidade Pública”.
Ilhéus vivia do cacau e só acreditava nele. Agricultura fácil e muito lucrativa. Como a pesca esportiva sempre foi e continua discriminada, aquele movimento turístico que recebíamos em período de baixa estação, muitas vezes servia de gozação nas rodas de agricultores, na esquina da Casa Arnaldo. Achavam que era coisa de preguiçoso.
Hoje, sabemos que a maioria das prefeituras de cidades praianas do sul e Sudeste do País investem pesado na pesca esportiva porque o retorno é certo.
Os empresários de nossa região ainda não despertaram para o “filão”que representa o esporte da pesca para o turismo, em período de baixa estação.
O embrião lançado pelos nossos ancestrais no início dos anos 70 vingou e, hoje, a pesca esportiva em Ilhéus é uma realidade. Prova disso foi o último Gabriela/2007, realizado em 02 e 03 de novembro p/passado na praia da Soares Lopes, com grande sucesso de organização e participação, a ponto de ser classificado como cinco estrelas (nota máxima), pela Confederação Brasileira de Pesca e Desportos Subaquáticos – CBPDS.
Aqui compareceram pescadores e familiares da Bahia, Alagoas, Sergipe, Rio de Janeiro e Espírito Santo, este com três ônibus lotados.
O Clube de Pesca de Ilhéus deu origem a outros Clubes de nossa cidade e da região, tais como: Gabriela, Candiru, Estrela do Mar, Canapu de Itabuna, Galos do Mar, Clube de Pesca de Belmonte e o de Canavieiras.
Hoje, apenas o Clupesil, o Candiru e o Gabriela estão em atividade. O Clube de Pesca de Ilhéus como Clube mãe, mantém todos os pescadores unidos, atuando como Federação e fazendo com que o esporte da pesca cresça cada vez mais.
A ajuda que recebíamos dos órgãos oficiais praticamente deixou de existir, mas com garra e boa vontade os associados contribuem, conseguem ajuda de empresas locais, fazem promoções para que o nosso Calendário Anual seja cumprido à risca e a nossa participação em torneios interestaduais e no Campeonato Brasileiro continuem acontecendo, agora, por nossa conta.
Esperamos que um dia os administradores de nossa cidade entendam a importância da pesca esportiva para o incremento do turismo e nos ajudem na participação em torneios fora de nossa cidade como forma de trazermos cada vez mais pescadores e seus familiares aos nossos eventos.
História escrita por: Roberto Miranda.
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