segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Triathlon



João Paulo Garcia - Triatleta


Leandro Macedo promove clínica de triathlon no Rio Grande do Sul



Leandro Macedo passou o final de semana na capital gaúcha compartilhando um pouco de sua experiência durante uma clínica de triatlo promovida pelo Sesc/RS como pré-evento da etapa de Porto Alegre do Circuito Sesc de Triathlon (dia 18 de novembro, na Praia do Veludo, em Belém Novo).




Entre os pontos destacados por ele está a importância de tentar reproduzir nos treinos as condições adversas e típicas das provas de triatlo, seja criando situações que as simulem (como fazer tiros de 25m na piscina colocando cinco atletas na mesma raia, para provocar esteira, turbulência e contato físico), seja na adoção de estratégias que atenuem o desgaste na troca súbita de uma modalidade para a outra. O cuidado nas transições foi bastante valorizado pelo triatleta.
A abertura do curso ocorreu sexta-feira à noite, no Sesc, quando ele antecipou na teoria os temas das sessões práticas, que ocorreram sábado e domingo. Para quem não pôde conferir, o Toque esportivo lista abaixo alguns dos pontos abordados:
Controlar as emoções

“É comum um triatleta ser um cavalo nos treinos, mas na hora da prova não conseguir repetir a performance. Às vezes, a mente sabota a gente. Temos de aprender a condicioná-la para o que se quer. Eu aprendi a meditar, me ajudou muito. Tem gente que gosta de ouvir música, tanto faz, o importante é encontrar uma forma de entrar centrado na prova. Concentrado, mas não contraído.”
Ouvir os sinais do corpo
“Perfeccionista, atento aos detalhes, me tornei aluno do meu corpo. É preciso ficar atento aos sinais que o corpo dá. Nunca treinei com dor. Analiso a causa antes. Exceto no começo. Vim da corrida, tinha seis meses de treino quando comecei. O treinador me deu uma série forte no primeiro dia. Não falei nada. Nem no segundo, nem no terceiro. No quinto dia, lesão. É normal: temos a intenção de fazer tudo o que a planilha pede. Mas tem de escutar o corpo. Não existe uma lesão se não existir antes uma tensão naquele lugar. Se não perceber isso, bater em cima, vira lesão. Irritabilidade, insônia, transpiração noturna excessiva, índice elevado do metabolismo basal podem ser indicadores de overtreino.”

Volume de treino

“Um bom treino não se mede pelo número de horas dedicadas a ele, mas pela dedicação que se dá a ele naquelas horas. Tem gente que treina mais do que precisa, e menos precisamente do que deveria.”

Compreender o triatlo

“O todo é muito mais do que a soma das partes. A prática tem características diferentes daquela experimentada por quem só nada, só pedala ou só corre. Como na natação: nela se enfrenta as marolas e a turbulência na falta das raias, em que é preciso aprender a se orientar e a contornar a bóia. Como no ciclismo: a posição do triatleta é mais avançada do que a do ciclista. Ou na corrida, à qual se chega com as reservas reduzidas de glicogênio. Além disso, o triatlo reúne três modalidades, mas tem quatro fundamentos, porque inclui a transição. Cada vez mais a técnica de transição vem sendo tratada como fundamental.”
Algumas tendências apontadas por Leandro Macedo:

Natação

* Na esteira, não precisa levantar totalmente a cabeça. Se elevar um pouco o olhar, já se nota o pé do cara na frente. Tem gente que levanta a cabeça a cada duas braçadas. Não precisa.

* Não adianta esperar chegar à bóia para decidir "como" vai contorná-la. A decisão de entrar aberto ou por dentro começa uns 100m, 50m antes.

* Manter a cabeça submersa, olhando para o fundo. A posição eleva o quadril. Para um triatleta, que não bate tanto a perna, pode ser mais eficiente.
* Na hora de respirar, não tirar todo o rosto da água. Deixar de fora um olho. Um educativo na piscina pode ser a orientação de girar a cabeça até o ponto em que se vê a borda lateral por cima e por baixo da água.

* Em vez de usar a braçada reta, de velocista, tentar antecipar a elevação do cotovelo na parte submersa. Entra o braço, gira o ombro e dobra o braço em seguida.

* Valorizar o trabalho fora da água feito com extensores e usando palmar, visando à potência nas braçadas e o aumento da percepção da fase submersa do nado crawl.

Ciclismo

* A bike avançada, com o quadril alto e próximo do centro, permite uma posição mais aerodinâmica, em que as costas do triatleta ficam retas (a do ciclista tradicional tende a ficar em curva). Nessa posição, há um maior aproveitamento de glúteos, se sobrecarregam alguns músculos, mas o bíceps femoral é poupado. Ele será muito exigido na corrida, em seguida.
* Na posição avançada, a diferença de altura do selim para o clip é de 14cm a 16cm.
* Nessa postura, relataram triatletas ouvidos em estudo, a sensação na corrida é como se ainda estivessem sentados no selim. Esse é o objetivo: tornar menos drástica a mudança de posição de uma modalidade para outra.
* A regulagem da posição do selim vai depender da altura da coxa do triatleta.

* Fora ser alto, o importante é o que banco seja confortável. Só assim poderá ser eficiente. Se não for confortável, não adianta.

Corrida
* Manter uma pequena inclinação do tronco para frente causa menos impacto na coluna. Evitar “quicar”, com passadas que façam o corpo subir e descer. É importante manter o centro de gravidade numa linha horizontal constante.

* Quanto mais rápido o contato da sola do pé com o chão, maior o aproveitamento das qualidades elásticas dos músculos na fase de impulsão.

* Quanto maior a elasticidade, a mobilidade dos músculos do pé, melhor. Andar com os pés descalços, como os quenianos, é importante para desenvolver essas qualidades.

* Correr descalço na grama permite perceber qual parte do pé está pisando durante a fase de contato com o chão. O mais indicado por Leandro é a pisada com o terço anterior do pé, no qual favorece a projeção do tronco à frente e uma menor perda de energia.

* Embora haja um certo preconceito dos homens, é recomendável malhar os glúteos.

* A passada não precisa ser longa para a frente na fase descendente, nem é necessário tentar tocar com o calcanhar nos glúteos na ascendente.

* Até pouco tempo, na fase descendente, se pedia: “abre a passada”. Hoje, pode ser longa para trás, mas não precisa jogar o pé muito adiante. Quanto mais para frente, ou seja, quanto mais adiante da linha do quadril ela for, mais contribuirá para frear o movimento, maior será o impacto e o tempo gasto de contato com o chão, o que significa desgaste. Então, se diminui a amplitude para aumentar a freqüência. É uma passada rasa.
* Antigamente, a corrida era considerada uma sucessão de saltos; hoje, é uma sucessão de "quedas", porque o corpo está sempre inclinado para a frente, não chegando a colocar o calcanhar no chão.




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